Pra ver a força que a Jurema tem, pra ver a força que a Jurema dá

Centro religioso localizado em Macaíba/RN se destaca por contribuir com a cultura nordestina, preservando tradições catimbozeiras

POR CLECYANE VIEIRA

Há quatro anos, participei pela primeira vez de um Toque de Jurema e ouvi o termo “Catimbó”. Fiquei maravilhada pela energia, pela força e pelas letras das músicas que suscitaram diversas perguntas em minha mente. Queria saber sobre tudo e, principalmente, entender por que nunca ouvira falar sobre a Jurema Sagrada até aquele momento. A cerimônia terminou por volta de meia noite e, ao chegar em casa, comecei a consumir informações sobre o tema incessantemente. Hoje, assino esta reportagem, resultado daquela noite que transformou minha visão de mundo.

No dia 27 de agosto de 2023, conheci o Ilê Casa do Ouro Águas de Oxum, um centro religioso em Macaíba, Rio Grande do Norte, que sintetiza religiões de matriz africana, afro-brasileira e ameríndia. Ao chegar, fui cativada pelo cuidado dedicado ao espaço. Paredes amarelas cobertas por tecidos de chita, um teto repleto de tiras de papel seda verde e vermelho e, ao centro, um lustre que ilumina um altar imponente. Uma cruz adornada por terços e fitas coloridas, taças de vidro com água, um sino pequeno, a figura de Jesus Cristo e imagens representando pretos-velhos, caboclos, mestres e mestras preenchem o altar. Uma estátua cercada por flores ao meio do salão completa o cenário.

O salão estava pronto para o Tombo de Jurema, ritual que consolidou a posição de “juremeiro tombado pela Jurema Sagrada” ao discípulo Laelson Felipe Salustrino. Pai Arthur toca o sino pendurado no teto, próximo à porta, sinalizando que os membros da casa deveriam se organizar. Uma roda se forma ao redor da grande imagem centralizada no salão, e nós, visitantes, chamados de “assistência”, observamos o início da celebração.

O tambor ecoa a primeira batida: hora do mestre manifestado entrar no salão. Recebido com muita alegria, fogos de artifício e maracás chacoalhados, o mestre surge com uma presença potente. Uma rosa branca destaca-se em seu paletó preto, que contrasta com a gravata bem ajustada. Descalço e com chapéu sobre a cabeça, ele dança com elegância. Em uma mão, segura um copo cheio de vinho, símbolo de celebração e oferenda; na outra, uma bengala que ritma seus passos firmes, reforçando a conexão entre o sagrado e o mundano.

Depois de muito dançar, tira o cachimbo da boca, ajoelha-se em frente ao tambor e pergunta se tem permissão para cantar. “Dada por Deus”, responde o público em coro. Cantar o ponto (música) que representa determinada entidade é uma etapa indispensável. O mestre em consagração precisa declarar seu nome enquanto canta, confirmando, perante todos, que ele é o guia presente na vida do médium. A entidade revela seu nome. Todos festejam. Dançam, pulam, batem palmas para o Mestre Chico Pelintra. 

Em gestos vibrantes, pelo menos 60 pessoas compartilham a experiência de viver a força da Jurema. Em vários momentos, me senti feliz pela felicidade alheia. Apreciei laços genuínos. Vi gente cantando com a alma. Vi sorrisos nos olhos. Vi corpos dançando na mais pura energia.

Longos sete anos do processo de iniciação de um discípulo da Jurema são dedicados à aprendizagem sobre o Catimbó. Ao chegar ao sétimo ano, esse processo culmina no ritual conhecido como Tombo de Jurema, que dura sete dias, envolvendo a oferta de alimentos, frutas e sacrifícios para as entidades da corrente espiritual do praticante.  

Nesse período, o discípulo deve abdicar de sua rotina diária para permanecer no Ilê, sendo ativo em todas as tarefas e aprendendo na prática com os mais velhos, mergulhando profundamente nos ensinamentos e tradições do Catimbó Jurema. Durante o ritual, o discípulo entra em transe ao pé da Jurema e, ao despertar, está preparado para atuar como Mestre juremeiro, também conhecido como “Matruqueiro”. A festa de que participei apresentou o novo Mestre juremeiro que acabara de nascer à sociedade. Hoje, Laelson tem o direito de abrir sua própria casa e conduzir a vida espiritual de outros.

Regentes da Casa do Ouro, juremeiros tombados e o discípulo de Jurema, Laelson Felipe Salustrino, ao centro, sentado ao chão, em seu processo de tombamento antes da festa que oficializa o ritual que dura sete dias

Foto: cedida por Pai Léo

Na Casa do Ouro, o processo, ainda no primeiro ano, inicia com o “Batizado de Jurema”, momento em que o iniciado se afirma como discípulo iniciante. Com o tempo, conforme adquire experiência, recebe um cachimbo consagrado, símbolo de seu compromisso e ferramenta para seus trabalhos espirituais.

A estrutura do Catimbó é hierarquizada. O Matruqueiro lidera a casa. Abaixo dele, estão os discípulos-mestres, que trabalham com seus cachimbos consagrados, seguidos dos discípulos em desenvolvimento, que ainda não possuem o cachimbo. Paciência é essencial para essa religião. O termo “é do caminho” é comum, pois, como pode ver, caro leitor, ser catimbozeiro exige uma longa caminhada. Após todo o processo, o conhecimento herdado dos antepassados é transmitido oralmente aos recém-chegados.

Quem entra no mundo do Catimbó deve aceitar que tudo tem seu tempo certo.

Esses aspectos da espiritualidade são revelados pelo Babalorixá e Matruqueiro Pai Léo de Odé, atual dirigente da Casa do Ouro, seguindo o Catimbó ensinado por seu saudoso pai, Dedé Macambira. Nascido José Pedro de Alcântara, em 15 de abril de 1942, Dedé Macambira de Oyá, como é conhecido, foi um importante líder religioso e pioneiro ao levantar uma das primeiras casas de axé em Macaíba. Aos 16 anos, fundou a Tenda de Umbanda José Pelintra que, mais tarde, após uma determinação espiritual, mudou o nome para Casa do Ouro Águas de Oxum.

Na Casa, foram construídos dois salões: um para a prática do Candomblé, cultuando os orixás, e outro para a linha de Umbanda, trabalhando com pretos-velhos, marinheiros, ciganos, exus e pombagiras. No mesmo espaço, mas em cultos distintos, o Catimbó é praticado em louvor aos caboclos, mestres, mestras, boiadeiros e encantados da Jurema, unindo em um só ambiente místico o Candomblé, a Umbanda e o Catimbó.

Essa decisão demonstrou a fidelidade de Dedé Macambira às crenças e seu desejo de unir os povos de terreiro. Como mais uma expressão de amor à fé, em 1986, ele foi um dos principais organizadores do Encontro dos Umbandistas em Macaíba, evento que homenageava os pretos-velhos na data comemorativa dessas entidades, 13 de maio. Com o tempo, problemas de saúde o venceram, e a tradição anual não continuou, tendo sua última edição em 2003.

Dedé Macambira realiza o Primeiro Encontro dos Umbandistas, em Macaíba/RN, em 1986

Foto: cedida por Pai Léo

Dedé desencarnou em 18 de fevereiro de 2015, mas seu impacto perdura nas vidas daqueles que o conheceram. Ele é lembrado por sua força, perseverança e como um líder visionário que, apesar de semi-analfabeto, transmitiu seus conhecimentos com maestria ao longo de 57 anos. A cadeira onde se sentava em vida agora é coberta por lençóis brancos, mantendo seu retrato abraçado a um grande rosário e com o chapéu que costumava usar. Hoje, uma parede comum ganha significado realçada por um quadro de 2 metros e 60 centímetros, pintado à mão por Cassiano Soares Costa, uma demonstração de afeto que revive diariamente a memória e o legado do inesquecível Dedé Macambira.

Espaço dedicado ao saudoso Dedé Macambira (in memorian) embeleza a festa em sua homenagem.
Foto: Cleciane Vieira

Como manda a tradição, o bastão seguiu seu rumo hereditário

Após a partida do patriarca da família Alcântara, a Casa passou a ser coordenada pelo seu primogênito Leandro, conhecido como Pai Léo de Odé. Com a transição, hoje, Pai Léo compartilha sua liderança com Pai Eduardo de Ogum, Mãe Ivone de Yemanjá e Mãe Lidiane de Yemanjá-Ogunté.

Leandro nasceu “para ser do caminho”. Destinado a seguir a missão da família, ainda criança, foi iniciado no Candomblé para o orixá Odé na nação Ketu, em Salvador, e consagrou-se como discípulo do Mestre Zé Bebinho na Jurema Sagrada dos povos indígenas da tribo Caetés, em Pernambuco. Após sete anos de iniciação em ambos os cultos, recebeu a posição de Matruqueiro, Mestre juremeiro, e Babalorixá, chefe espiritual responsável pelo culto aos orixás.

À frente da Casa do Ouro como liderança, o juremeiro seguiu com as tradições absorvidas ao longo da vida. “Nosso papel é dar continuidade ao legado que o nosso fundador deixou. Tentamos, a todo custo, preservar tudo que foi iniciado, desde a década de 1950”, afirma Pai Léo. No Catimbó Jurema, a sabedoria ancestral é repassada por meio da oralidade, prática dependente da persistência indígena e das comunidades juremeiras para que esses conhecimentos não se percam com o tempo.

Para os dirigentes da Casa do Ouro, tradição boa é aquela que bebe direto da fonte, das origens, da memória de um povo que descobriu na dança a escapatória das dificuldades, que viu na gargalhada um escudo para todos os males.

Os antepassados lutaram para construir o que é cultuado hoje, então nada como exercer o respeito diário e manter as tradições vivas. “Tentamos desenvolver grande parte das cerimônias que aconteciam na mesma época dos nossos antepassados, como o cumprimento do calendário religioso, as caminhadas usando nossas roupas, torso e contas com muito orgulho ou entregando os presentes para os orixás e as entidades. Tudo isso são atos para preservar a nossa cultura”, garante Pai Léo.

Uma das tradições anuais mantidas pela Casa do Ouro é o Corte de Romã, momento sagrado que representa, para as tradicionais casas, o início solene das atividades religiosas do ano. Trata-se de um ritual ancestral, pouco conhecido atualmente. Em 2024, o evento aconteceu no dia 23 de março.

Nessa data, marquei presença na Casa do Ouro às 11 da manhã. Era sábado e o dia estava ensolarado. Em dado momento, avistei Arthur, Matruqueiro e padrinho da Casa do Ouro, sentado em uma cadeira rodeado por alguns de seus afilhados no salão que seria mais tarde cenário para a celebração. Eu me aproximei para ouvir o que Arthur contava.

O matruqueiro expressava profundo respeito por sua mãe e compartilhava o conhecimento que havia adquirido sobre o Catimbó com sua avó. Dizia que o que sabe, sabe graças a elas que o ensinaram “sem atropelar o tempo”. Contava também sobre a importância deste evento tradicional em Pernambuco, sua terra natal. Ele, que cresceu no Catimbó e cultuou a romã por toda sua vida, foi um dos responsáveis por trazer essa antiga tradição à Casa do Ouro, repassando seus conhecimentos para os matruqueiros mais novos darem continuidade à prática.

Às 20h abriu-se oficialmente o calendário religioso anual do Ilê Casa do Ouro Águas de Oxum. Ao som do tambor, os regentes da casa e os filhos saem de um quarto próximo ao sagrado altar e dirigem-se ao salão, onde mesas e cadeiras brancas estão preparadas para recebê-los. Na mesa principal, reservada para os mais antigos, destacam-se imagens esculpidas em gesso que representam caboclos e mestres espirituais, além de vinhos, mel, copos com água, uvas, maçãs, pão, velas e romãs. Muitas romãs.

Naquela noite, presenciei a fé, o respeito dos mais novos aos ensinamentos dos mais velhos e experienciei a alegria daquela comunhão. Vi a fumaça purificando o ambiente e afastando os males, vi o vinho da Jurema sendo elevado e compartilhado, vi gente chorando e sendo consolada pela Vovó Catarina, uma preta-velha, entidade da Umbanda acolhida pelo Catimbó Jurema.

Toma uma com eu?

Esta é uma pergunta frequente nas casas de axé. A entidade que questiona, oferecendo um gole de sua bebida, oferece porque sabe que algo está atrasando a vida do consulente, seja doença, pessoas ou seus próprios pensamentos. Durante a noite, Mestre Simbamba, manifestado no Pai Eduardo, me oferece um gole de seu vinho. Aceito. Enquanto eu viro a garrafa e bebo, o Mestre diz: “Que seja de paz, de saúde e de felicidade. É na minha gargalhada, é na minha cachorrada que levo todos os contrários; é como eu trabalho. Nêgo se engana quando pensa que Simbamba está só fazendo galhofa, putaria. Eu tô é levando e dizendo!”, avisa.

Suas expressões são fortes. Arregala os olhos, aponta para cima, espreme a bengala no chão, bate as mãos em seus peitos e conclui: “O que os buracos dos olhos dessa matéria não conseguem enxergar, Simbamba consegue”. Olha firme em meus olhos e alerta: “Suncê tem um caminho muito bonito pra trilhar, só tem que tomar cuidado com as invejanças”.

Após essas palavras, me pede para o acompanhar segurando em seu braço esquerdo. Brincalhão, olha para um rapaz alto que parou em sua frente para saudá-lo e diz “Nêgo, eu sou do teu tamanho em vida. Meu cavalo é pequeno, mas eu ‘mermu’ sou do teu tamanho”. Todos riem. Me pede para chamar as moças que ele aponta e escolhe a dedo. Quando menos se esperava, eu e mais três mulheres estávamos espremidas umas às outras segurando nos braços de Simbamba.

Da direita para a esquerda, Pai Léo, Pai Eduardo, Mãe Ivone e Mãe Lidiane. Entre eles, a cadeira que representa Dedé Macambira.

Foto: Lucca Costa

O mestre nos leva para o meio do salão e pede para fazermos um círculo ao seu redor. Puxa uma a uma pelas mãos nos fazendo rodopiar e arrancando boas risadas. A descontração dura cerca de animados 18 minutos. Por sua graça e encanto, fui imersa em uma experiência que lembrarei com muito carinho. O mestre expressa, então, o desejo de partir e até se despede, mas, em uma só voz, todos cantam pedindo sua permanência.

Apagam-se as luzes e todos, com as mãos na grande mesa, concentram suas energias enquanto aguardam pelo defumador. O ogã, médium líder na hierarquia encarregado por algumas atividades religiosas asseguradas somente a homens, passeia entre os médiuns e as pessoas que, assim como eu, assistiam ao ritual, defumando todos e o ambiente antes do corte, para garantir que não houvesse resquício de impureza mística e afastar pensamentos negativos.

A fumaça carregava um cheiro forte e muito bom e parecia dançar entre as chamas das velas acesas.

Enquanto repartia o pão, dizeres ecoados pela voz majestosa do Matruqueiro Arthur preenchem o salão para que todos repetissem o rezo: “São três Reis Magos que vêm do Oriente (2x); vêm trazendo a Ciência que está nessa semente (2x)”.

Contracenando com a experiência visual e sonora, barulhos de facas contra pratos dão o sinal de que os Mestres Simbamba e Zé Bebinho, este manifestado no juremeiro Léo, cortam as romãs para que as sementes sejam distribuídas a todos. 

Pai Arthur entoa outro ponto:

“Na Jurema eu nasci, nela eu me criei e, no passar da Jurema, um bom Mestre eu serei”.

O ponto de força encarna na mesa todo o direcionamento que aquelas pessoas buscavam para continuarem suas vidas, dando boas-vindas às novidades que as colocam em movimento.

Durante a cantoria, o Ogã oferta pão, maçã e as sementes de romã a todos, e, ao comando de Arthur, erguemos o braço direito segurando as sementes em mãos fechadas, e repetimos o cântico: “No fundo do mar tem uma muralha, feliz de quem ela avistar, é a muralha das três donzelas, que moram no fundo do mar. Sustenta eu Juremá, sustenta eu, defende eu, Juremá, defende eu”.

É hora da comunhão.

O Matruqueiro Arthur orienta: “Vamos todos comungar da romã. Não mastiguem as sementes. Quem está com os saquinhos, vai comendo e colocando dentro. Com os pensamentos positivos, peçam a Deus saúde, força, felicidade, caminhos abertos e boas notícias”. Os saquinhos eram pequenos e arejados, serviam para guardar as sementes e serem levados ao próximo Corte de Romã, que acontecerá em 2025.

Por instantes, um silêncio toma conta do salão. Todos se concentram em seus pedidos enquanto absorvem o sumo das sementes para separá-las nas mãos. Em seguida, mastigamos e engolimos o pão e a maçã. Após, foi sugerido que guardássemos as sementes secas no saquinho e as levássemos conosco para onde formos, como proteção.

Normalmente, o dia tradicional do culto é 6 de janeiro, mesma data em que os católicos comemoram em alusão aos Três Reis Magos. O sincretismo religioso é fortemente perceptível no Catimbó Jurema. “O Catimbó abraçou o Cristianismo e uniu as forças para que hoje possamos cultuar a Jurema Sagrada”, enfatiza Pai Léo. No culto, homenageia-se especialmente a entidade Reis Malunguinho, considerado patrono da Jurema Sagrada, e evocam-se também demais entidades mestres, pretos-velhos e caboclos.

Atrelado ao simbolismo da abertura do calendário religioso da Casa do Ouro, esse evento representa a abertura de caminhos dos adeptos, atraindo novos ares e fartura ao longo do ano. A romã, para os catimbozeiros, é uma fruta sagrada e simboliza prosperidade. “Quando era pequeno, minha mãe cortava a romã e dividia as sementes para todos. A semente é símbolo de multiplicação. Nós acreditamos que essa semente, espiritualmente, vai germinar em nosso caminho como um ponto de força e de luz”, conta Pai Léo.

A cada encontro, os integrantes da Casa do Ouro retornam com os saquinhos repletos de sementes do ano anterior para que seja dado o testemunho dos acontecimentos daquele ano que passou e as sementes sejam renovadas. “As sementes são levadas até a boca, mas não podemos mastigar. Igual a hóstia católica, sabe? E, assim, pedimos saúde e prosperidade ao sagrado”, explica Mãe Lidiane, Matruqueira e líder religiosa da Casa do Ouro.

Assim como o diálogo inter-religioso refletido pelo sincretismo, a manutenção da cultura catimbozeira também é percebida na estrutura física dos espaços sagrados. Cada imagem, insígnia, símbolo e objeto conta a história de uma família unida pela fraternidade, pela comunhão e pela coragem de se recusar a viver às escondidas.

A organização minuciosa dessas relíquias escreve em letras negritadas o zelo pela visita do outro. Embora não se saiba bem quem entrará pela porta da frente, sabe-se que todos sempre a encontrarão aberta. “É através da participação e do acolhimento dos visitantes em nossas cerimônias e com a ampliação e manutenção dos espaços que mantemos o legado do meu pai pungente,” ressalta Pai Leandro, com um brilho de orgulho nos olhos.

Mas afinal, o que é ser juremeiro?